A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) está empenhada em responder a um grande aumento de procura por cursos de capacitação profissional, principalmente os voltados para o uso de ferramentas e plataformas digitais de ensino e comunicação. Cursos e treinamentos oferecidos pela Coordenadoria de Capacitação de Pessoas (CCP), pelo Programa de Formação Continuada (Profor), pela Secretaria de Educação a Distância (Sead) e por núcleos de produção de conteúdos digitais criados a partir de um edital da Pró-Reitoria de Extensão (Proex) rapidamente preencheram as vagas oferecidas.
A demanda por capacitação de professores e servidores administrativos em novas tecnologias de ensino e trabalho remoto foi evidenciada na pesquisa realizada com docentes e técnicos da UFSC. No levantamento feito com os professores, a grande maioria informou possuir equipamentos, acesso à internet de boa qualidade e ambiente favorável no domicílio para realização de atividades remotas. Porém, quase um terço dos docentes tem pouca familiaridade com o uso de tecnologias digitais em educação. Muitos gostariam de receber capacitação em plataformas de comunicação e videoconferência, como Google Meet (64,1%) e Zoom (61,1%).
Em relação ao Moodle, sistema de apoio à aprendizagem executado em ambiente virtual, 65,2% dos professores declararam ter boa familiaridade. Ainda assim, 27% não conseguem realizar ações básicas no Moodle sem ajuda e 75,9% não conseguem realizar ações avançadas sozinhos. Por isso, 47,3% dos docentes que responderam à pesquisa disseram que gostariam de receber capacitação para utilizar recursos básicos e 85,4% afirmaram desejar cursos para utilização dos recursos avançados do Moodle.
Aprimoramento
A Coordenadoria de Capacitação de Pessoas (CCP) da Pró-Reitoria de Desenvolvimento e Gestão de Pessoas (Prodegesp) está tentando adaptar processos para atender às demandas por capacitação dos servidores da UFSC. A Prodegesp mantém o Portal da Capacitação, principal ferramenta de aprimoramento e desenvolvimento profissional para os servidores docentes e técnico-administrativos da universidade.
Os cursos oferecidos diretamente pela UFSC são programados com antecedência e precisam de autorização do Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal (Sipec). Dos 54 cursos programados para este ano, a grande maioria foi proposta na modalidade presencial ou semipresencial. Agora, a CCP trabalha para tentar migrar para a modalidade a distância os cursos que forem passíveis de conversão para o novo formato. “Precisaremos ao final do ano justificar a troca de modalidade ou até de curso junto ao Sipec”, diz a coordenadora de capacitação de pessoas, Monica Feitosa Gonçalves.
Até o momento, não foi oferecido nenhum curso de capacitação diretamente orientado para o trabalho remoto. O único curso relacionado ao tema, “Noções Básicas de Saúde e Segurança no Trabalho em tempos de Covid-19”, oferece 40 vagas e já tem 163 inscritos. “Desde o início da pandemia, ofertamos sete ações de capacitação, todas por educação a distância. Todas com mais inscritos do que vagas. A procura é grande”, revela Monica Feitosa.
Ela lembra que, para aprimorar a sua capacitação, os servidores podem recorrer também a cursos oferecidos pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap) ou pela Escola Virtual de Governo (EV.G). “Os cursos podem ser utilizados para a progressão por capacitação, desde que atendam aos dispositivos legais de progressão por capacitação”, diz a coordenadora da CCP.
Na pesquisa realizada entre os servidores para verificar as condições de trabalho remoto, 43% declararam que gostariam de receber capacitação para utilizar recursos básicos do Moodle, e 57,5% para utilizar recursos avançados. Também houve interesse em capacitações para uso de plataformas de webconferência, como Zoom e Google Meet. De acordo com Monica Feitosa, os cursos de Moodle são ofertados pelo Profor (aos professores) e pelos núcleos formados pela Proex (para toda a comunidade). Em relação às outras demandas de capacitação, a CCP divulgou, via e-mail, uma relação de cursos que são ofertados em outras instituições federais de ensino, a distância e gratuitos.
Extensão
Além das ações regulares de capacitação na UFSC, uma nova iniciativa veio reforçar a oferta de cursos na área. No começo de junho, a Pró-Reitoria de Extensão (Proex) lançou um edital para incentivar a criação de Núcleos de Produção de Conteúdos Digitais. Os núcleos são programas que se dedicarão a oferecer “cursos de extensão sobre o uso de tecnologias digitais em educação e apoiar os docentes em todo o processo de preparo para o uso dessas tecnologias”, conforme texto do edital. Os cursos, no entanto, são gratuitos, e abertos a toda a comunidade interna e externa à UFSC.
No lançamento, o pró-reitor de Extensão, Rogério Cid Bastos, afirmou que os objetivos do edital eram de longo prazo, buscando promover uma transformação na prática de ensino tradicional. Disse que as novas gerações já nascem sob novas influências e comportamentos e que é necessário “se apropriar dessas influências e tecnologias para se promover com todos uma nova forma de educação”. Entre os programas didáticos relacionados no edital estão os cursos “ações básicas e avançadas do Moodle” e “produção de conteúdo digital”.
Foram criados 17 núcleos de produção digital, que já estão ofertando diversos cursos. Cada curso deve oferecer no mínimo 30 vagas. “Os cursos estão com muita procura, turmas lotadas”, informa Graziela De Luca Canto, diretora do Departamento Administrativo da Proex. O Digicampus – Núcleo de Prática Digital, por exemplo, em menos de dez horas completou as primeiras turmas para os cursos de “Design de conteúdos educacionais para redes sociais” e “Técnicas de produção audiovisual para o ensino remoto”.
Os 17 núcleos estão em 10 dos 15 Centros de Ensino da UFSC (CSE, CCE, CFM, CED, CCS e CTC), além de pelo menos um núcleo em cada campus da UFSC. Há um núcleo voltado para a educação em Língua Brasileira de Sinais (Libras) e dois núcleos que concentram-se na Educação Básica, por meio do Colégio de Aplicação.
Educação a Distância
A Secretaria de Educação a Distância (Sead) também identificou um aumento do interesse da comunidade acadêmica no assunto. “Temos recebido várias dúvidas sobre cursos e tutoriais e tivemos um número muito acima do esperado nesse curso de Moodle”, diz o professor Luciano Patrício Souza de Castro, secretário de Educação a Distância. Ele se refere ao curso “Espaço de Formação e Inovação: Moodle”, que teve 1.046 inscritos. O curso é oferecido na própria plataforma e a Sead está fazendo adaptações para atender todo os inscritos.
A Sead mantém em seu portal a página Recursos Tecnológicos para Aprendizagem, que reúne e-books, cursos, vídeos, tutoriais, artigos, dicas e listas de programas e sites que podem ajudar na capacitação dos professores. O conteúdo da página inclui vídeos e leituras sobre “Fundamentos do trabalho pedagógico na Educação a Distância” e dicas e tutoriais de ferramentas para realização de videoconferências, videoaulas, podcasts, ferramentas diversas da UFSC e outros. Também há links para repositórios, tutoriais para recursos de aulas on-line, cursos de Moodle, listas de cursos sobre webconferência e sobre cursos on-line abertos massivos (Moocs).
Formação Continuada
No Programa de Formação Continuada (Profor), que oferece cursos para capacitação de docentes nos cinco campi da UFSC, também foi detectado um aumento na procura. Como geralmente as turmas são pequenas, houve casos em que foi preciso fazer uma seleção dos participantes. “Estamos tentando melhorar nossa capacidade de absorção da demanda”, diz a coordenadora de avaliação e apoio pedagógico, Janaina Santos, ressaltando que isso depende da captação de recursos para pagamento dos ministrantes.
Ela informa que cresceu o interesse dos professores em cursos relacionados a tecnologias de ensino a distância. O curso de “Inovação no Ensino Virtual”, que é totalmente autoinstrucional, através do Moodle, teve 58 inscritos na primeira turma e 252 na segunda turma (que oferecia 130 vagas, mas todos os inscritos puderam participar). O curso “Moodle Intermediário: Questionários” oferecia 30 vagas mas teve 124 inscritos.
Este ano, até o momento já foram realizados oito cursos, que atingiram 571 docentes. Os professores receberam capacitação nas áreas de Legislação da Carreira do Magistério Federal; Moodle Básico; Docência Acessível; Oficina de Game Comenius: aprendendo a jogar para ensinar com jogos; Avaliação da aprendizagem no Ensino Superior: possibilidades e desafios; Moodle Intermediário: Questionários; Inovação no Ensino Virtual e Introdução ao Empreendedorismo Acadêmico.
A chamada pública para proposição de cursos de capacitação do Profor em 2020, realizada no final de 2019, aprovou 13 projetos, dos quais cinco presenciais e dois semipresenciais. Agora a Prograd está entrando em contato com os ministrantes desses cursos para saber se é possível oferecer algum deles na modalidade a distância.
Na pesquisa sobre necessidade de capacitação para o Profor em 2021, a Prograd detectou também uma grande demanda por cursos na modalidade a distância com temáticas voltadas para a educação e tecnologias de ensino não-presenciais. “Neste momento de pandemia, adaptaremos nossas atividades para a modalidade não presencial e, quando retornarmos às atividades acadêmicas presencialmente, as atividades do Profor serão realizadas na modalidade mais adequada metodologicamente à proposta da formação docente”, destaca Janaina Santos.
Luís Carlos Ferrari / Agecom / UFSC